Vídeo participativo do ponto de vista acadêmico

Participatory-video from an academic view

Abordagens participativas: Desenvolvimento comunitário
Abordagens e métodos Bottom-up que incluem a comunidade no desenvolvimento de soluções há muito evoluiu desde que o seu precursor, Paulo Freire, colocou a sua pedagogia em prática em 1963. Em um de seus primeiros projetos, Freire capacitou comunidades marginalizadas na parte rural de Recife, Pernambuco, Brasil, para desenvolver um sistema de auto-educação para combater os altos índices de analfabetismo encontrados na região.

Robert Chambers evoluiu esta abordagem através do Participatory Rural Appraisal (PRA), que ele descreve como "uma família crescente de abordagens e métodos para permitir que as pessoas locais compartilhem, aprimorem e analisem o seu conhecimento sobre a sua condição de vida com foco em planejar e agir " (Chambers, 1994 p.1).

Um relatório sobre os dez anos de atividade da IFAD – International Fund for Agricultural Development - por Lineberry concluiu que: "quando é dada a chance às comunidades rurais participar de projetos destinados à beneficiá-los, eles ficam ansiosos para se envolver" (Lineberry, 1989). Além disso, o processo que envolve a população local pode ajudar a melhorar não somente o seu bem-estar material, mas representa um progresso em sua vida social e cultural (Lineberry, 1989).
Comunicação participativa: As pessoas no controle **

O conceito participativo tem sido extensivamente analisado por White, que destaca o papel da comunicação como um instrumento fundamental neste tipo de processo (White 1994). A percepção comum sobre a comunicação participativa é que ela "dá voz às pessoas".
Alguns dos formatos mais comuns utilizados na criação de mensagens participativas incluem; teatro, desenhos, fotografia, cartazes e outras formas de material impresso, bem como áudio e vídeo.

Video participativo: Origem

Muito antes de ser devidamente definida, a prática de vídeo participativo originou-se no Experimento Fogo, apoiado pelo Conselho Nacional de Cinema (NFB - National Film Board) do Canadá que começou em 1967 nas ilhas do Fogo, uma pequena comunidade de pescadores na costa leste Newfoundland, Canadá. Donald Snowden, da Memorial University, Newfoundland, Canadá liderou e facilitou um processo com membros da comunidade para expressar as suas perspectivas sobre os problemas e soluções locais, traduzindo-os em filmes que foram exibidos em outras aldeias que enfrentavam problemas semelhantes. A partir desta primeira experiência, o vídeo participativo tem sido utilizado internacionalmente para diversas aplicações tais como a monitoramento e avaliação de projetos, gestão de recursos naturais, educação, comunicação e defesa e emancipação de grupos sociais desfavorecidos (White, 2003) e por várias organizações da sociedade civil como a Oxfam Internacional, a Cruz Vermelha, a Care International e a Action Aid.

Uma definição de vídeo participativo

Em 2006 Lunch e Lunch Definiu vídeo participativo como "Um conjunto de técnicas para envolver um grupo ou comunidade na formação e na criação de seu próprio filme para ajudar na resolução de seus problemas e também para comunicar suas necessidades e ideias para os tomadores de decisão e/ou outros grupos e comunidades "(Lunch e Lunch, 2006).

Avaliação de Técnica de Vídeo Participativo**

"Os resultados da tese de mestrado "Agricultores cineastas: uma avaliação de vídeo participativo como ferramenta de comunicação para transferir práticas de base comunitária de adaptação às mudanças climáticas em área rural de Malauí" (Baumhardt 2009) mostraram que o vídeo participativo é uma ferramenta eficaz para a transferência de conhecimento entre comunidades. Também mostra que moradores de países em desenvolvimento podem facilmente aprender a fazer filmes contando suas próprias histórias de acordo com suas perspectivas locais.
O artigo completo com o resultado do estudo pode ser visto aqui: ‘Farmers become filmmakers: climate change adaptation in Malawi’, IIED, PLA N 60° http://pubs.iied.org/G02820.html.

 

 

*Trecho de: Baumhardt, F. (2009) Agricultores cineastas: uma avaliação de vídeo participativo como ferramenta de comunicação para transferir praticas de base comunitária de adaptação às mudanças climáticas no Malauí rural. Tese de mestrado, Instituto Terra, Vrije Universiteit, Amsterdam, Holanda.

*Trecho de: Baumhardt, F., Lasage, R., Suarez, P. and Chadza, C.(2009) Agricultores se tornam cineastas: adaptação à mudança climática em Malauí.PLA 60, pp. 129-138

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